5 ARTISTAS NÃO ÓBVIOS QUE FAZEM CRÍTICAS SOCIAIS EM SUAS MÚSICAS

Da MPB até o rock e do folk até o soul, as críticas sociais nas vozes e composições brasileiras vão para além do rap e trazem os mais diversos temas. Conheça cantoras e cantores que exibem suas realidades nas letras repletas de reflexões e entrelinhas.

Música é arte e a arte permite que diversas vozes se expressem de formas diferenciadas. Seja para falar de sentimentos mais pessoais ou para abrir os olhos alheios para outras realidades, há espaço para todos os tipos de manifestações artísticas.

Algumas dessas vozes, inclusive, aproveitam a visibilidade que possuem e a utilizam para servir como representação de uma realidade atual. Em meio a tal verdade, eles tecem críticas mais voltadas ao coletivo, denunciando o sistema social injusto.

Alguns artistas, como Chico Buarque, ficaram conhecidos por suas denúncias em letras contra a ditadura civil-militar, por exemplo. Outro caso de grande porte é o de Elza Soares, que disseminou suas canções denunciando o racismo e machismo que viveu.

Mas não somente de artistas antigos é que são feitas as críticas sociais mais sagazes. Os mais novos também dão vozes a diferentes universos que se conectam no social. Cantores como Baco Exu do Blues, Criolo, Karol Conká, Liniker, Emicida e bandas como BaianaSystem vêm denunciando racismo, machismo, violência contra a mulher e LGTBQfobia.

Pensando nos temas atuais de importância para uma sociedade mais respeitosa e repleta de equidade, o NÃO ÓBVIO foi em busca de artistas brasileiros que fogem das listas mais conhecidas e que também fazem críticas sociais em suas músicas. Confira, sem ordem de preferências, que vai da MPB até o rock e do folk até o soul.

1. Obinrin Trio | @obinrintrio

Trio formado em 2016 por pelas irmãs Lana e Raíssa Lopes e por Elis Menezes, Obinrin é sinônimo de feminino em yourubá. E é isso que o grupo dessas três mulheres traz para suas letras com os ritmos de maracatu, baião e ciranda, para reviver por meio da música as raízes da MPB.

Além de questões sobre feminismo e empoderamento feminino, o grupo aborda sobre lesbofobia e racismo. Este último pode ser observado na música Solidão Vira Revolta, que contou com a participação da cantora Bia Ferreira, também presente na lista.

O trio, que é de São Paulo, já tocou com artistas como Chico César, Liniker e Luana Hansen. Em 2017 foi lançado o primeiro EP, chamado Elas por Elas.

Onde escutar: YouTube, Spotify, Deezer e Google Play Music.

2. Bia Ferreira | @igrejalesbiteriana

Bia Ferreira é de Carangola – Minas Gerais e canta jazz, soul e blues. A cantora, apesar de ser mineira, mudou-se para Aracaju, capital de Sergipe. A cantora toca piano, baixo, guitarra, violão, cavaquinho e instrumentos de percussão. Bia também é compositora.

Ativista, suas letras são carregadas de críticas contra o racismo e o machismo, e refletem que esses problemas são antigos e persistem na sociedade. Já chegou a interpretar a cantora Elza Soares no musical sobre sua vida, em substituição à cantora Larissa Luz.

Em 2018, ela foi indicada ao prêmio WME – Women Music Event e ao prêmio SIM – Semana Internacional da Música.

Onde escutar: YouTube, Spotify, Google Play Music e Deezer.

3. Caio Prado | @ocaioprado

Caio Prado é um cantor carioca e independente, do subúrbio de Realengo. Formado na Escola de Música Villa Lobos, o artista começou a carreira em saraus pelo Rio de Janeiro, recitando sua poesia. Pouco tempo depois, começou a se inscrever em festivais e chegou a vencer alguns, tais como o Festival de Ilha Grande.

As letras das músicas de Caio Prado refletem muito sua luta social: elas abordam raça, questões de gênero, liberdade de expressão e tolerância religiosa. Para o artista, a música está a serviço do processo evolutivo de um movimento político.

O artista tem dois álbuns lançados, sendo o último gravado em 2018, chamado de Incendeia. Nele, há a participação da cantora Maria Gadú. Ele também faz parte do projeto Não Recomendados, que, além dele, conta com a participação dos cantores e compositores Diego Moraes e Daniel Chaudon.

Onde escutar: YouTube, Spotify, Deezer e Google Play Music.

4. Mulamba| @mulambaoficial

Mulamba é uma banda curitibana formada só por mulheres. As integrantes são: Amanda Pacífico e Cacau de Sá, como vocalistas; Caro Pisco como baterista; Naira Debértolis como baixista; Nat Fragoso na guitarra e Fer Koppe tocando violoncelo. A banda foi formada em 2015 e lançou seu álbum de estreia em 2018, também autointitulado Mulamba.

Inicialmente, elas queriam apenas fazer uma homenagem à Cássia Eller, mas após a quantidade de visualização de uma de suas faixas autorais, elas perceberam que poderiam ser uma voz na música no combate ao machismo. A faixa Mulamba é uma resposta ao assédio que uma amiga delas sofreu de um homem no primeiro show da banda.

A banda escolheu esse nome, inclusive, para ressignificar a palavra Mulamba, que é uma pessoa desleixada, feia, desarrumada. Com um som que mistura MPB e rock, as letras da bandas são sobre feminismo, empoderamento feminino e grito de resistência.

Onde escutar: YouTube, Spotify, Deezer e Google Play Music.

5. Ekena | @falaekena

Ekena é uma cantora e compositora que mistura folk e MPB em suas músicas. Desde 2010 no cenário musical, a cantora lançou seu primeiro álbum em 2017. Mulher empoderada, suas canções falam sobre o machismo que todas mulheres vivem diariamente.

Sua faixa mais famosa, a canção Todxs Putxs traz uma letra carregada de significados e denúncias sobre o dia a dia de ser mulher em uma sociedade patriarcal e machista. A faixa surgiu após Ekena perceber que, mesmo se considerando uma mulher empoderada, ela estava se submetendo a um relacionamento abusivo.

Mãe de um filho pequeno, ela também luta por espaço para respeitarem a maternidade de cada mulher e a luta que é para as mães conciliarem trabalho e vida pessoal. A cantora pretende lançar novos projetos em 2019.

A foto de abertura dessa matéria é da banda Mulamba e foi tirada pela fotógrafa Luciana Petrelli.

Onde escutar: YouTube, Spotify, Deezer e Google Play Music.

Autor: Catarina Barbosa • @catarinapbarbosa

Catarina Barbosa é jornalista e fotógrafa. Baiana, atualmente mora em São Paulo. Amante de café, nerd assumida e apaixonada por viagens, sonha em sempre ter uma mochila nas costas para desbravar o mundo.

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