5 QUADRINISTAS BRASILEIRAS PARA FICAR DE OLHO

Quantos quadrinistas brasileiros você conhece? Confira mulheres importantes que movimentam o mercado de HQs e redes sociais com suas produções reflexivas. Temas como relações sociais, política, sexualidade e feminismo não ficam de fora.

O cenário das HQs no Brasil está em crescimento. Tanto é que editoras especializadas na produção de quadrinhos de artistas brasileiros começaram a surgir nos últimos anos, além de editoras que abraçam nichos variados e passaram a apostar nesse. Eventos que também valorizam a divulgação de trabalhos independentes ganham cada vez mais proporção. 

Até mesmo filmes inspirados em histórias em quadrinhos continuam firmes e fortes, ganhando mais adaptações para o cinema e fazendo a área chegar a mais reconhecimento. Nomes como os Vingadores, da Marvel, Mulher-Maravilha e Batman, da DC, lançados recentemente, ajudaram na expansão do cenário mundial. Até mesmo super-heróis nacionais estão ganhando força.

No Brasil, quem tem papel fundamental neste crescimento é o estúdio Maurício de Sousa e as graphic novels, originadas em 2009. As produções conquistaram o coração do público, tanto é que Jeremias – Pele, considerada uma das graphic novels mais fortes do projeto, conquistou o Prêmio Jabuti de 2019. 

Contudo, ainda há regiões do país que não incentivam com afinco este tipo de arte. Quem de fato tem ajudado a fazer tantos quadrinistas crescerem é a internet. Por isso, o NÃO ÓBVIO selecionou cinco mulheres quadrinistas de diferentes partes do país que você precisa conhecer.

O mais bacana é que todas as indicadas acabam postando ilustrações soltas no Instagram, sempre mantendo as redes atualizadas.

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1. RENATA NOLASCO (ATÓXICO) | @atxnolasco


Trabalhando com quadrinhos desde 2014, Renata chama muita atenção em suas redes sociais por conta do seu conteúdo. Mossoroense morando em Fortaleza, a quadrinista tem como tema principal em suas produções identidade de gênero, feminismo e mulheridade. 

Renata Nolasco sempre leu quadrinhos, desde pequenininha. O contato com esse tipo de arte se estendeu a vida adulta e mobilizou milhares de pessoas em suas redes sociais. Sua trajetória começa no Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ), quando publicou o fanzine “Grrrls to The Front: Manifesto Riot Girl Ilustrado”, em 2015.

De lá para cá, tem na conta uma produção lançada em 2016, “Ei, Por que não existem grandes quadrinhos feitos por mulheres?”, três em 2017: “Eu não sou bonita”, “ Silêncio = Morte” e “Minas para Colorir”; duas em 2018, “A Árvore da Bruxa” e “Só Ana” e por fim, em 2019 participou da coletânea “Histórias Quentinhas Sobre Sair do Armário (com Meias da Sorte) e “Mulheres nos Quadrinhos”.

A arte que produz não tem restrição de idade e promove a reflexão social sobre temas atuais entre todos que estiverem dispostos a aprender. A quadrinista também aposta em cores vibrantes e texturas.

☌ Em sua lojinha online, estão disponíveis as HQs Silêncio = Morte, em que discute a mulheridade, gênero, militância e feminismo na sociedade contemporânea com um quê de desabafo sobre suas experiências pessoais e Só Ana, sobre busca por identidade. 

☌ Algumas de suas obras estão disponíveis para leitura em sua página do Medium.

2. JÉSSICA GROKE | @jessicagroke


Mineira nascida em Frutal, atualmente em São Paulo, Jéssica Groke estreou no mundo das HQs em 2018 e desde então é só sucesso. 

As HQs de Jéssica não tem requadros, ou seja, o contexto é composto a partir da montagem e colagem entre momentos, sem a divisão habitual de quadros que quadrinhos costumam apresentar.

suas artes falam sobre pessoas comuns em momentos cotidianos, acompanhadas por reflexões sobre a vida e relações intra e interpessoais. Todas são livres para todos os públicos.

A quadrinista e artista visual lançou sua primeira história impressa, Me Leve Quando Sair, no Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte, em 2018. A HQ foi tão aclamada que a autora ganhou o 31º Troféu HQ Mix de novo talento, como roteirista. 

A história é um mix de ficção e não ficção. Jéssica mostra a viagem que fez com seu irmão para Paraty, no Rio de Janeiro. Me Leve Quando Sair fala sobre seu relacionamento com ele, mesclando lembranças e reflexões sobre família. A autora decidiu fazer a HQ ao receber a notícia de que o irmão iria morar fora do Brasil. 

☌ Lançado independentemente, no mesmo ano Jéssica também lançou a fanzine Babilônia e Piracema, para a coletânea TABU (2019), feita com as quadrinistas Lalo e Amanda Miranda.

☌ Para 2020, Jéssica Groke pretende lançar, no mesmo festival em que estreou, sua nova HQ, intitulada Concreto.

3. AMANDA MIRANDA | @amandamirand_


Ilustradora, quadrinista e designer paulista, Amanda Miranda começou sua carreira em meados de 2013 a 2014. 

Amanda foca suas HQs na abordagem dos temas violência, feminilidade e sexualidade, explorando o gênero terror, sobretudo corpóreo e psicológico. 

Seus trabalhos costumam ter o tom vermelho em excesso, visto a ligação que tem com o terror; mas seus quadrinhos são em preto e branco. Ela conta que foi com Hibernáculo que colocou em prática a arte de fazer HQs, aprendendo o ritmo e musicalidade que os quadros devem ter. Por conter temas como sexualidade, suas histórias em quadrinhos são para maiores de 16 anos.

Sua primeira história em quadrinho foi Infestatio, lançada em 2014, quando Amanda passou a se aventurar no mundo das HQs. Algum tempo depois, a autora lançou a história Hibernáculo, sobre a pianista Augusta e reflexões acerca da identidade e sexualidade – o qual lhe rendeu o prêmio Dente de Ouro de melhor história em quadrinhos.

Além dos quadrinhos citados, a quadrinista participou da antologia Cápsula (2019), com o quadrinho Vertigem e da coletânea TABU (2019), com a HQ Juízo, uma história do gênero body horror, sobre repressão sexual. 

☌ No mesmo ano, Amanda também lançou a HQ Sangue Seco Tem Cheiro de Ferro, um poema narrativo distópico sobre as angústias que nos acompanham em nossos cotidianos. 

☌ Atualmente ela trabalha na HQ de ficção científica Máquina Tropical Universal, em parceria com a escritora Simone Campos.

4. THAÏS GUALBERTO | @thaiskisuki


Thais tem uma carreira longa e de sucesso. A quadrinista sempre se interessou por HQs, mas foi só no final de 2009 que iniciou seu trabalho com Olga, a sexóloga, personagem que discute o mundo das relações sexuais.

Em seus quadrinhos, há um quê de feminismo e política. Ela se inspirou na arte dos mangás para começar a produzir suas próprias HQs.

Em 2012 publicou a revista Sanitário, junto a outros quadrinistas paraibanos e em 2014 se tornou Coordenadora de Quadrinhos da Fundação Espaço Cultural da Paraíba.  Como coordenadora, criou o projeto Espaço HQ, em que promovia feiras de quadrinhos. No mesmo período publicou tirinhas nos jornais Beltrano, A União e Folha de S. Paulo. 

Devido ao tamanho do sucesso, em 2015, Olga, a sexóloga foi lançado de forma independente. 

De lá para cá, Thais investe na postagem quinzenal de Olga, para o público adulto com mais de 18 anos e de sua obra para o público infantil Mari, Tati e os universos; sobre a aventura de duas amigas descobrindo um novo universo e suas possibilidades.

☌ Outros trabalhos da quadrinista são Balzaca Grisalha e a zine, Catexia. 

☌ Para a alegria dos fãs, Olga, a sexóloga “taradóloga” ganhará uma segunda edição, com a seleção de trabalhos publicados por Thais entre 2015 e 2019, abordando sexo e feminismo, como de praxe. O projeto passa por financiamento coletivo e você pode ajudar clicando aqui.

5. CÁTIA ANA | @quadrinhosinfinitos


Quadrinista há dez anos, por não ter cenário favorável no estado em que mora, Cátia Ana decidiu explorar a internet. Foi nela que a paulista-goiana formada em Design Gráfico lançou seu projeto mais conhecido O Diário de Virgínia.

Seu estilo artístico é leve. Cátia utiliza traços delicados que mostram muito sobre sua alma alegre e reflexiva. Ela fala sobre criatividade, autoconhecimento e crescimento pessoal. Seus trabalhos são livres para todos os públicos.

Cátia só conheceu histórias em quadrinhos durante a faculdade, mas desde então nunca mais abandonou a arte. O Diário de Virgínia foi essencial durante um período conturbado de sua vida. A quadrinista ressalta que com ele, ela pôde lidar com questões pessoais ao mesmo tempo em que aperfeiçoou seu trabalho como artista. 

A webcomic rendeu duas indicações ao Troféu HQ Mix, em 2011 e 2015. Foi publicada durante seis anos, desde 2010 e tem teor autobiográfico, ao contar a história de Virgínia, Sabrina, Mike, Tobias e Tedy. 

Para encerrar esta fase, em 2016, Cátia lançou Refúgio e Herança, duas HQs interligadas que falam sobre seu crescimento e a conciliação que fez com o passado. 

☌ Hoje em dia, a quadrinista se dedica ao projeto Quadrinhos Infinitos, no qual fala sobre tudo o que acha relevante e Gatito, uma série de tirinhas sobre um gato designer e suas canetinhas coloridas.

Autor: Carolina Rodrigues • @carolinahelfstein

Jornalista apaixonada por k-pop e aficionada pela cultura pop em geral.

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