6 PAÍSES QUE COMEMORAM O CARNAVAL DE FORMAS DIFERENTES DA BRASILEIRA

Atividades na neve, competições, desfiles folclóricos, celebrações na madrugada, guerras de alimentos e muita comida são exemplos de comemorações que fazem parte dos Carnavais em outros países. Conheça tradições diferentes da brasileira.

Já é fato que depois do ano novo os cronômetros para o Carnaval são automaticamente ligados. A festa, comemorada no Brasil desde o século XV, cresceu tanto que se tornou um recesso nacional, parte da cultura de todo o país e reconhecido como o maior do mundo.

O Carnaval é um festival originado pelo cristianismo, que sempre ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma, ou seja, quarenta dias antes da Páscoa. Geralmente envolve uma festa pública com desfiles de rua, caracterizado por elementos circenses, máscaras e fantasias. O termo “Carnaval” é usado tradicionalmente em países que possuem uma grande presença católica em suas raízes.


No Brasil, as cidades que sediam os carnavais mais populares são: Salvador, Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. Trios, blocos, desfiles, fantasias e muita diversão tomam conta das principais avenidas.

Mas, e ao redor do mundo? Você sabe como o Carnaval é comemorado nos quatro cantos do planeta? O NÃO ÓBVIO fez uma lista indicando lugares que comemoram essa festa de uma forma diferente da nossa. Confira:

1. Carnaval de Québec | Canadá


Considerado o terceiro maior festival de inverno do mundo, o Carnaval do Quebec, capital da província de mesmo nome, ocorre ao longo de 17 dias e atrai quase 450 mil pessoas! Tradição há mais de 120 anos, possui o objetivo de trazer muita alegria durante a estação.

Esta é a época em que locais e turistas abusam das roupas vermelhas para caminhar ao som das trombetas enquanto comem, bebem e participam de uma super programação. O evento reúne mais de 200 atividades diferentes para todas as idades, incluindo patinação no gelo, descidas de trenó, paradas noturnas, competições na neve e hóquei no gelo. Muitas delas são gratuitas.

Os grandes destaques do Carnaval são: a Competição Internacional de Esculturas na Neve, a corrida de canoas sob o Rio Saint-Laurent congelado, e o desafio Snow Bath (banho de neve), onde os mais corajosos se jogam na neve trajando apenas de roupas de banho! Você teria essa coragem?

Além disso, sempre é montado um enorme palácio de gelo do mascote oficial do festival, o boneco de neve Bonhomme, e um tobogã de 90 metros todo feito de gelo. Para ajudar com o frio durante as festas, vale provar o Caribou, bebida típica local feita com vinho tinto, uísque e xarope de maple.

2. Kurentovanje | Eslovênia


O Carnaval Esloveno é um tanto curioso para muitas pessoas por seguirem uma temática mais “macabra”. Realizado anualmente na cidade de Ptuj, o evento é uma mistura entre as celebrações ocidentais e o antigo paganismo eslavo, e possui como tradição os desfiles de kurenti (bufões) com máscaras demoníacas, personagens que fazem parte do folclore local.

O evento costuma atrair milhares de espectadores a cada ano e possui uma rica programação cultural, etnográfica e lúdica, com atividades que envolvem festas de máscaras de crianças, competições, feiras, exposições e até um desfile internacional que conta com a participação de pessoas dos países vizinhos.

No início da celebração, o prefeito entrega as chaves da cidade ao nomeado Príncipe do Carnaval. Em seguida, começam os desfiles, que possuem três partes: a primeira é a passagem dos kurenti espantando o inverno com seus cinturões de sinos, a segunda é um desfile de fantasias temáticas que invocam a primavera e a fertilidade, e por último a passagem de algumas figuras, como ciganos e mendigos, que fazem farra para divertir os espectadores. O carnaval termina na quarta-feira de cinzas com o enterro do Pust, boneco que simboliza os males.

As pessoas que vão assistir às paradas também se fantasiam. Para aquecer, é comum beber, além da cerveja, o vinho esloveno, que é um pouco semelhante ao quentão das festas juninas brasileiras. A moral do carnaval esloveno é passar uma mensagem de que seja o ano bom ou ruim, fértil ou não, é preciso sempre levar a vida com muito humor.

3. Basler Fasnacht | Suíça


O Carnaval da Basileia é o maior festival popular da Suíça. Com tradições pagãs, medievais e cristãs, tinha como objetivo, no passado, espantar o inverno para trazer fertilidade e uma boa colheita. Por isso, é comum em seus desfiles ver pessoas em tratores ou com máscaras assustadoras. É, ainda, considerado uma gigantesco evento satírico pois todos os meios visuais são usados ​​para ridicularizar vícios e erros.

Diferentemente da maioria dos carnavais pelo mundo, e historicamente como uma forma de resistência às tradições católicas, na Basileia os festejos se iniciam na segunda, após a quarta-feira de cinzas, e dura 72 horas, começando exatamente às 4:00 da manhã com a Morgestraich, quando todas as luzes da cidade são apagadas para que grupos desfilem pelas ruas com lanternas personalizadas e tocando seus instrumentos, em maioria flautas e tambores. Também há desfiles de carros alegóricos.

É tradição, também, jogar doces, legumes, vegetais, frutas, flores e muitos confetes para a plateia. E, falando neste último, alguns historiadores defendem que o ato mundial de jogar confetes no carnaval surgiu por esta tradição local. As crianças também se divertem com o desfile Kinderfasnacht, feito especialmente para elas.

Alguns restaurantes e bares permanecem abertos o tempo todo durante os três dias da festa. Neles, são servidos principalmente pratos típicos da celebração: tortas de cebola e queijo, e um caldo feito de cebola e farinha, que prometem repor as energias.

Curiosidade: Na Suíça (e Alemanha) a temporada de carnaval começa às 11h11 de 11/11, e não é superstição! Esse momento é celebrado o nascimento do Hoppeditz, um personagem local que, de acordo com a tradição, surge de um pote de mostarda, e que participa das festas até a quarta-feira de cinzas do ano seguinte, quando é queimado e enterrado. Ou seja, a celebração dura meses!

4. Carnaval de Guaranda | Equador


Em cada região do Equador há uma celebração diferente durante o carnaval. A mais curiosa delas acontece na cidade de Guaranda, que fica a 220 km de Quito, capital do país. É lá onde acontece uma festa de rua com brincadeiras que até lembram os antigos carnavais brasileiros: com muita música, dança, e brincadeiras.

Ligados aos antepassados indígenas, que comemoravam a chegada da segunda lua jogando farinha, flores e água perfumada uns aos outros, essa tradição é mantida até hoje, durante o carnaval. Pessoas de todas as idades vão às ruas para atirar balões de água, ovos, lama, farinha e espuma em amigos, familiares e até desconhecidos.

A festa tem duração de duas semanas e envolve, ainda, um cortejo com foliões fantasiados e carros alegóricos decorados com flores e frutas. Além disso, o carnaval equatoriano também conta com a eleição do Carnaval Taita (Pai do Carnaval).

Durante o desfile, pode ser encontrado chicha de jora, uma bebida fermentada feita de milho, além do famoso licor branco Pajaro Azul, produzido localmente.

5. Máslenitsa | Rússia


Na Rússia, o tradicional carnaval folclórico acontece, principalmente, nas cidades de Moscou e São Petersburgo. A festa incorpora algumas tradições que remontam a tempos pagãos e possuem, como principais tradições: comer um ano de panquecas num único dia, queimar bonecos de palha e bater nos outros com sacos pesados. Sem esquecer da vodka, claro.

O feriado eslavo tem duração de sete dias, de segunda a domingo, e cada dia possui um nome, tema e rito específico. Geralmente, sua programação conta com: estrutura de defesa com arco e flecha, passeios de trenó, escorregadores de gelo, espaço para jogos russos, escola de etiqueta do século 19, teatro imersivo, oficinas e espaços para competições como lutas, batalhas de espadas de imitação, e cabo de guerra. Ainda existe o famoso Festival de Panquecas, onde as Blinis são distribuídas ao público em diversos sabores.

A celebração se encerra no Domingo do Perdão, dia em que todos devem se desculpar pelas ofensas cometidas no ano. Para simbolizar o fim do carnaval e do inverno, a boneca de palha Senhora Maslenitsa, mascote da festa, é queimada em uma grande fogueira.

6. Fastelavn | Países Nórdicos


Você sabia que nos Países Nórdicos o carnaval é, basicamente, uma festa infantil? Dinamarca, Suécia, Noruega, Islândia, Ilhas Faroé, Estônia e Letônia são lugares onde se comemoram o Fastelavn, um carnaval adaptado à religião protestante, predominante na região.

O termo significa “Noite de Jejum” em uma referência à noite anterior ao jejum da Quaresma, na qual as famílias se reúnem em um banquete (como no natal) e vão à igreja participar de cultos que relembram a importância do jejum, um tempo para cura, recuperação e contemplação dos ensinamentos de Deus. Em algumas cidades há procissões, cantatas e óperas.

Mas os protagonistas desse dia são as crianças! Elas se fantasiam, pegam um cofrinho e saem de casa em casa pedindo e cantando “bolinhos pra cima, bolinhos pra baixo, bolinhos na minha barriga; se eu ficar sem bolinhos eu vou fazer traquinagem”. Elas podem receber dinheiro, além dos doces. Lembrou do halloween americano?

Outro atrativo para os menores é a piñata em um barril cheio de brinquedos e guloseimas, com a imagem de um gato preto – que acreditavam ser maus espíritos no passado. Em fila, as crianças recebem um taco de madeira para bater neste barril até os doces caírem no chão. Quem derrubar por último será o rei ou rainha dos gatos.

Também fazem parte da tradição os fastelavnsvoller – bolinhos recheados com creme e geléia, preparados com a ajuda das crianças. Eles representam a comida gordurosa que era servida antes do grande jejum. Além dos doces, tigelas de cremes e pães, as comidas típicas da época incluem arroz com creme ou lentilhas, panquecas, e pratos com leite e canela.

Autor: Stephanie Vasques • @omundoporste

Futura administradora, blogueira e viajante nas horas vagas, a Ste é apaixonada por tudo que envolva cultura. É dona do Não é Berlim, onde compartilha todas as suas experiências pelo mundo afora. E quando não está em alguma viagem, vira turista na própria cidade.

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