5 LISTAS PARA SER MAIS ANTIRRACISTA E CONSCIENTE

Confira detalhes fundamentais que podem dar suporte ao seu conhecimento para a luta antirracista. Veja dados atuais, e-books gratuitos e didáticos, leis, canais de YouTube, sites, ações a serem tomadas, perfis de Instagram e mais.

Novembro é um mês dedicado a atividades ligadas a representatividade e a necessidade política de comemorar as conquistas do povo negro. O período celebra o Dia da Consciência Negra, que tem como objetivo relembrar a importância das discussões e ações para combater o racismo e as desigualdades raciais no Brasil.

A data salienta a importância de compreendermos como a sociedade discute aspectos referente ao racismo e quais ações estão sendo colocadas em prática para combatê-lo.

E, no mesmo ano em que o coronavírus tomou conta dos noticiários, a discussão sobre a importância das vidas negras também foi destaque, principalmente por casos brutais de agressões e mortes, em que o preconceito histórico se torna combustível para a violência. 

Casos como a morte do adolescente João Pedro mexeram com o Brasil. Quase em paralelo, as violências que levaram ao fim das vidas de George Floy e Breonna Taylor foram alguns dos exemplos que culminaram em passeatas e outros movimentos em diversos países.

Assim, está cada vez mais sendo percebido o quanto intensificar e objetivar as discussões sobre racismo ajuda não apenas a enfrentar o problema de forma combativa e gerar debates sobre como a sociedade brasileira lida com essa temática, mas também a fomentar novas políticas públicas relacionadas ao tema, bem como intensificar as existentes necessárias.

Pensando em intensificar o debate sobre o tema e gerar um conteúdo educativo, o NÃO ÓBVIO trouxe

1. Como Ser Antirracista?


Reprodução: Google

Apenas não ser racista já não é suficiente em uma sociedade que tantas vezes fecha os olhos para casos de racismo. Eles estão presentes em esferas sociais, institucionais, políticas e ideológicas, e é preciso aprofundar esses aspectos.

Não é mais uma questão de igualdade racial, e sim a construção de uma sociedade que combata o racismo em sua gene e que não crie apenas pessoas não racistas, mas que também forme indivíduos antirracistas, que lutem fielmente contra esse crime. 

“Numa sociedade racista, não basta não ser racista. É necessário ser antirracista”

Angela Davis

Então, como ser antirracista? Confira algumas ações basilares para aderir:

  • Analise os conteúdos que você gosta de consumir e pense: “Eu sigo algum negro que fala sobre isso?”, caso a resposta seja não, procure um.
  • Estude sobre o tema e procure referências que tratem do assunto. Há atualmente muitos especialistas que tratam sobre a temática de forma atual e bastante didática. Algumas referências são Ângela Davis, Maya Angelou, kabengele Munanga, Silvio Almeida e outros. Leia também autores consagrados, como James Baldwin e Abadias Nascimento.
  • Divulgue pretos e pretas. Compartilhe tanto os que trabalham nas redes sociais (influencers ou artistas) quanto profissionais e pessoas que admira. Incentive o empreendedorismo negro.
  • Contrate pretos e pretas. Faça trabalhos com pretos e pretas.
  • Compartilhe com seus amigos reflexões e chame atenção dos que fizerem algo que esteja atrelado ao racismo estrutural.
  • Não deixe passar em branco! Compartilhe notícias sobre injustiças, seja critico quanto a essas questões e participe de grupos e espaços de discussão que tem como objetivo mudar essa realidade.

2. Palavras e termos que você não deve usar para não ser racista


Reprodução: Google

Palavras e expressões muitas pessoas podem ser ofensivas, possuir conotação negativa e reforça estereótipos racistas, por isso não devemos usá-las, mas sim ajudar na educação coletiva sobre a substituição dos termos. 

Veja alguns exemplos que devem ser excluídos do nosso vocabulário:

– “Criado-mudo”
– “A coisa tá preta”
– “Lista negra”

“Doméstica”
– “Serviço de preto”
– “Denegrir”
– “Mercado negro”
– “Cor do pecado”
– “Não sou tuas negas”

☌ Para compreender melhor o significado dessas expressões e entender como esses termos retratam o racismo por trás das palavras, a Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal, junto com o Mistério Público do DF, lançaram um e-book neste ano para explicar detalhadamente os estigmas ligados aos perigosos termos.

Leia o e-book O Racismo Sutil Por Trás das Palavras clicando aqui.

Entenda a diferença entre Racismo, Discriminação e Preconceito:

Essas palavras podem soar como sinônimos para muitas pessoas, mas existem diferenças substanciais para entender a construção de estereótipos e fenômenos sociais que se correlacionam a esses termos. 

O racismo traz um conceito amplo, que abarca as ideias de preconceito, discriminação e estereótipos. Existem outros tipos de preconceitos, discriminações e estereótipos além do racial, dentre eles podem ser citadas as questões de gênero, classe social, opção sexual e outros. Assim podemos observar o racismo como uma construção histórica, social e cultural que tem como pressuposto uma hierarquia entre grupos humanos, que tem como pressuposto superioridade de certas raças em relação a outras. 

O preconceito trata-se de um conceito ou opinião pré-estabelecida, geralmente negativo, que se faz de pessoas estigmatizadas por estereótipos, com a questão racial se fazendo mediante a cor da pele. Dessa forma o preconceito se mostra como uma construção social que acaba perpassando a consciência coletiva dos indivíduos através de estereótipos que são solidificados nas relações sociais, educativas, financeiras e outras. 

A discriminação é o resultado entre o racismo e o preconceito que gera a ação de exclusão e impede o acesso aos direitos humanos, acesso igualitário e oportunidades a determinados grupo por conta da cor da pele. Ou seja a discriminação é a materialização dessa construção de estigmas sobre os negros que revela a inferiorização desse grupo e tem seus reflexos nos índices de violência, acesso ao mercado do trabalho, saúde e em outras esferas em que pessoas negras são depreciadas pelo fato da cor da pele.  

3. Siga canais e perfis nas redes sociais que podem ensinar mais sobre o tema. Respeite o lugar de fala.


Reprodução: Google

As plataformas de comunicação digitais surgiram como um ambiente no qual as pessoas se sentem mais confortáveis e seguras para emitir opiniões tem se tornado um espaço propício para ataques racistas e discriminatórios. 

De acordo com dados da ONG Safernet, a pedido do The Intercept Brasil, os números de crimes de ódio na internet aumentaram cerca de 5000 % durante a pandemia. Os números apontam quase três vezes mais denúncias de racismo em 2020 do que em 2019.  Ou seja, é preciso discutir e combater essa prática nos espaços digitais. 

A Lei nº 7.716/1989 é responsável por estabelecer crimes resultantes de preconceito de raça e cor. Segundo a lei praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional por intermédio dos meios de comunicação pode acarretar uma pena de dois a cinco anos de reclusão, acrescida de multa.

Em contrapartida, essas mesmas redes têm sido utilizadas para denunciar, fiscalizar e ser um espaço de vozes que ecoam contra o racismo e levam mensagens antirracistas.

☌ A filósofa e escritora Djamila Ribeiro é uma das que constantemente conscientiza mais os seus seguidores sobre a temática. Outras opções para quem deseja aprender mais sobre o tema são:

Influenciadores, que produzem conteúdos sobre o tema em YouTube e afins, como:
Nataly Neri
Spartakus Santiago
Gabi Oliveira.

☌ A jornalista baiana Tia Má.
☌ O ator, apresentador e diretor Lázaro Ramos.
☌ O rapper e produtor musical Emicida.
☌ A cantora e atriz Negra Li.

E, lembre-se:

Também puxa tapete quem não dá tapete. E é sim preciso calar a boca e ouvir. Mas quem ouve e depois continua calado demais, já começou a reprimir.

Vanessa Brunt

4. Acompanhe sites, blogs e afins que criam movimentos/iniciativas


Reprodução: Google

Com os últimos casos de agressões policiais contra pessoas negras, os movimentos antirracistas que ganharam força recentement foram lançados em diferentes países do mundo e em regiões brasileiras.

O movimento negro brasileiro vem dando ênfase aos trabalho realizado nessa esfera. Campanhas como “Enquanto houver racismo não haverá democracia” e “Vidas Negras Importam são algumas dessas iniciativas.

Alguns movimentos se propõem a discutir a temática do racismo, ser um ambiente de “Falas Negras” e levar conteúdo como notícias, artigos, reflexões e uma outra visão sobre as questões que envolvem a população negra no Brasil e no mundo.

Confira alguns sites, blogs e portais organizados por pessoas negras e que se tem como objetivo a construir novos espaços para essa temática:

Portal Geledés
Alma Preta
Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades –CEERT
Blogueiras Negras
Resistência Afroliterária

5. Atenção para estatísticas e dados que reforçam o racismo


Expressões como “lugar de fala”, “empoderamento preto/negro” e outras são exemplos da busca de maior ocupação da população negra em todos os espaços onde ainda existe uma baixa ou inexistente presença desse público que representa mais de 56% no Brasil.

É possível observar esse fato quando olhamos ao redor e podemos perceber como os estereótipos ainda são bastante embranquecidos, tais como em cargos de lideranças em empresas, como protagonista em novelas, peças de teatros e filmes, na política, universidades e judiciário.

Olhar esses fatos com postura crítica e como ativistas pela ocupação desses espaços se mostra como um passo importante na mudança desse cenário.

O racismo estrutural no Brasil é visível:

No judiciário – onde um levantamento realizado pelo Conselho Nacional de Justiça em setembro de 2018, que contou com a participação de 11.348 magistrados (62,5%) de um total de 18.168 juízes, desembargadores e ministros dos tribunais superiores, apenas 18,1% eram afrodescendentes, dos quais 16,5% se declararam pardos e apenas 1,6% negros, o mesmo percentual dos magistrados de origem asiática. Já os que se declararam brancos, representavam 80,3%.

No mercado de trabalho – Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que entre a população economicamente ativa ocupada em 2018, 45,2% eram brancos e 53,7% negros ou pardos, mas a presença de afrodescendentes é mais acentuada nas atividades com rendimentos inferiores: agropecuária (60,8%),  construção (62,6%) e serviços domésticos (65,1%). No mesmo ano, os brancos ganhavam, em média, 73,9% mais do que negros ou pardos e a taxa de desemprego também era maior entre negros (14%) e pardos (15,2%) do que entre os brancos (9,8%).

No ensino superior – Jovens negros e pardos continuam com menor acesso ao ensino superior (18,3%), em comparação com os brancos (36,1%), e têm mais chances de sofrer morte violenta. 

Nos cargos de liderança – O Instituto Ethos realizou uma pesquisa no ano de 2019 com as 500 empresas de maior faturamento do Brasil, a qual mostra que os negros são de 57% a 58% dos aprendizes e trainees, mas na gerência eles são 6,3%. No quadro executivo, a proporção é ainda menor: apenas 4,7% são negros.

Em novelas – Um mapeamento feito pelo do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (GEMAA/UERJ), publicado em 2018, analisou 101 telenovelas da Rede Globo de Televisão exibidas entre 1994 e 2014 sob os prismas de raça e gênero. De acordo com o estudo, a média de representação anual de personagens centrais é de 90% de brancos, contra 10% de pretos ou pardos. Os dados também mostraram oito produções com 100% de personagens centrais brancos. 

Extras/Complementares:


O que é Racismo Estrutural?

De acordo com o Portal Brasil de Direitos, racismo estrutural é a “naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro, e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial”


Para quem que saber um pouco mais sobre Racismo no Brasil esse vídeo curto do canal de YouTube Minutos Psíquicos apresenta 5 fatos sobre a temática.

Autor: Jorge Barretto • @jorge_barretto

Jornalista, leitor, escritor, sonhador, viajante e amante da vida. Expresso minhas inquietudes em rabiscos aleatórios que as vezes viram textos. Um ser em constante aprendizado e que busca novas vivências não convencionais (e convencionais também). Cultura contemporânea, arte, livros, música, lifestyle e comunicação são alguns dos temas ecoam em mim.

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